Há múltiplas linguagens e diversos modos de expressão pessoal e compreensão do mundo que devemos ajudar a desenvolver. Idiomas distintos em que nos podemos dizer e compreender. As artes permitem encontrar outros códigos que complementam aquele que tornámos central na nossa sociedade e educação: o lógico-verbal.  

Racionalizamos em demasia a educação, não promovendo suficientemente a formação dos afetos, a relação com o corpo, a valorização da autonomia, a capacitação para assumir os desafios e os falhanços, o prazer de aprender, de interpretar e intervir no mundo.  

É preciso educar e formar para as diversas linguagens, inteligências e modos de comunicar para que todos possam encontrar, nas expressões artísticas, o seu meio, um caminho para a sua realização pessoal e participação no bem comum.  

As artes, o património e a cultura ativam aprendizagens associadas ao prazer, ao jogo, à experimentação e à criatividade. Os múltiplos caminhos percorridos para alcançar essas aprendizagens precisam de terra fértil em emoção e diversão, como formas de chegar ao conhecimento. Neste sentido, o Plano Nacional das Artes, em colaboração com vários parceiros, reuniu recursos educativos para apoiar o trabalho de todos – professores, encarregados de educação e alunos – desde a Educação Pré-Escolar ao Ensino Secundário. 

Os recursos educativos disponíveis no website do Plano Nacional das Artes cruzam, de forma lúdica e científica, as artes, o património e a cultura com as diferentes áreas curriculares, o que contribui para a aquisição de aprendizagens significativas e para o desenvolvimento das competências do Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória. 

A Mochila Cultural é um programa destinado a alunos e professores, concebido pelo Plano Nacional das Artes, com base em programas semelhantes desenvolvidos noutros países. Cada mochila leva cultura, património e/ou artes às Escolas, em articulação com os temas preferencialmente escolhidos pelos alunos e docentes e com conteúdos da Estratégia Nacional para a Cidadania. O seu duplo formato – presencial e online (streaming) – permite reduzir distâncias e contar com a participação de todos.  

No dia 7 de dezembro, a Mochila Cultural apresentou um excerto e entrevistas a atores do filme Lobo e Cão, de Cláudia Varejão, realizado na ilha de São Miguel, nos Açores, que serviu de ponto de partida para um debate com a própria realizadora, o comissário do PNA, Paulo Pires do Vale, entre outros intervenientes.
Segundo as palavras da cineasta: "Parti para este filme com o desejo de retratar lugares que me interessam: as heranças dos papéis sociais e familiares e as questões em torno da identidade de género. […] A ficção surge em «Lobo e Cão» como um lugar de liberdade de criação do eu e da própria ideia de comunidade (...)”. 

A sessão decorreu, a partir do auditório da Escola Secundária Almeida Garrett, em Vila Nova de Gaia e no canal de Youtube da DGEstE, numa parceria com a produtora Terra Treme.  

No dia 29 de novembro, no Teatro-Cine de Torres Vedras, decorreu o sexto encontro (pitch) com a apresentação de projetos (parte 1 e parte 2) que irão integrar a I Bienal Cultura e Educação 2023 – RETROVISOR: uma história do Futuro (março a junho de 2023).
Este encontro foi, maioritariamente, dedicado à participação das escolas que vieram em grande número (docentes, alunos, não docentes), de sul a norte do país, confirmando que as “escolas são polos culturais”.  
Foram apresentados 43 projetos muito diversificados, mas com alguns objetivos comuns: mostrar que existe cultura em todo o território, que as artes, a(s) cultura(s) e o património devem ter um papel central no processo de ensino e aprendizagem e que o trabalho em parceria com as instituições culturais é fundamental para a abordagem de um currículo integrador, a várias vozes. 

A abertura do encontro contou com a presença da presidente da Câmara Municipal de Torres Vedras, Laura Rodrigues e da vice-presidente, Ana Umbelino, que destacaram, entre outros aspetos, a importância da educação artística na formação integral dos cidadãos, em especial das crianças e dos jovens, o papel da cultura como fator de coesão e de pertença às comunidades e a importância do investimento na cultura para o desenvolvimento dos territórios. 

O próximo encontro (pitch) será no dia 25 de janeiro de 2023. 

O Plano Nacional das Artes associa-se, pelo segundo ano consecutivo, ao PÚBLICO, através do projeto Público na Escola, para destacar o papel fundamental dos jornais e dos média na cidadania cultural, e para a responsabilização de todos pelo horizonte cultural comum — o seu Km² cultural.  

O concurso Vamos Fazer um Plano, um projeto cultural e de literacia mediática, visa promover um olhar mais atento ao Km² cultural, enquanto dá voz aos mais jovens, o que lhes permite aprofundar o papel das artes na vida das comunidades, desenvolver tanto a atitude crítica em relação às manifestações artísticas como a consciência ativista na salvaguarda e valorização do património cultural de proximidade.

As candidaturas poderão ser enviadas até 3 de março de 2023 e os projetos vencedores contarão com a mentoria de jornalistas do jornal PÚBLICO.