É certo que a arte tem a capacidade de despertar a curiosidade — uma qualidade que nunca é excessiva. Fazer perguntas, indagar o funcionamento das coisas, mesmo com descompassado interesse, são espaços de encontro de cada um consigo e com os outros. Desenvolvem a expressão de um pensamento crítico ativo, de um inconformismo que não aceita ficar encarcerado dentro dos limites, uma importante garantia para a democracia. 
A arte tem o poder de se relacionar com a educação e com a vida, de desvelar conhecimentos, sentidos que se modulam e modelam, numa afirmação de singularidade, de confiança no que cada um sabe e, por isso, de inclusão. 
A arte é a possibilidade de ver e não apenas olhar, de fazer a mudança e de criar o espanto que nos faz viver e não apenas existir.

O festival BARRO À PAREDE integrou a programação da I Bienal Cultura e Educação e decorreu em vários locais do concelho de Barcelos, entre 10 de março e 14 de junho de 2023. A ideia nasceu no âmbito do Projeto Cultural do Agrupamento de Escolas Alcaides de Faria (inspirado nas fases da roda de oleiro “Centrar, Subir, Baixar – na roda da cultura”) e foi desenhada ao longo da oficina de formação de professores do Plano Nacional das Artes: As Escolas como Polos Culturais: Programar em Colaboração.

Com o apoio do município de Barcelos e de diversas entidades do concelho, o projeto teve como objetivo dar a conhecer à comunidade o património e a herança cultural desta região fortemente ligada à olaria e às artes do barro. Para além de várias oficinas com barro, também houve oficinas de Pinhole (câmara fotográfica em cartão), um concurso de fotografia, conversas temáticas sobre a olaria e as artes do barro, um sarau cultural (numa noite dedicada às artes do barro na música, na poesia e ao som das ocarinas de barro) e a projeção, em antestreia, do filme em stop-motion de animação: Os demónios do meu avô, de Nuno Beato.

Organizada pelo Plano Nacional das Artes e dirigida aos jovens e às crianças (feita com eles e não simplesmente para eles) – a bienal quis também alimentar a infância e a juventude de todas as idades. Encerrou em ambiente de festa, no dia 30 de junho, no jardim do Museu Nacional Soares dos Reis no Porto, ao som da Dj SuM.

Uma bienal que aconteceu no país, com um programa de eventos, de diferentes artes, culturas e patrimónios, para todos os públicos, com a afirmação das escolas como polos culturais e das instituições culturais como espaços educativos para que se promova a verdadeira democracia cultural: a participação ativa de cada um na cultura de todos, como agentes culturais e educativos no seu Km2.

Ao longo de 4 meses (de março a junho de 2023), foram apresentados mais de 455 projetos (exposições, instalações, espetáculos, concertos, visitas, conferências, oficinas, percursos…)  e envolvidos cerca de 570 parceiros, em 131 concelhos do país (continente e regiões autónomas). Ao todo, foram mais de 80 000 participantes.

E porque "a alegria é a prova dos nove" (O. de Andrade), agradecemos e felicitamos todos os que fizeram parte desta festa um pouco por todo o país!

Numa parceria com o Plano Nacional das Artes, o projeto Odisseia Nacional do Teatro Nacional D. Maria II, através do seu programa Frutos, promove a participação das populações e das comunidades escolares, aproximando os jovens das artes performativas e fomentando a participação cultural e o pensamento crítico. A Norte, em Bragança, desenvolveu-se uma residência artística, com o ator Diogo Araújo, com várias atividades de aproximação do ensino às práticas teatrais, em articulação com as referências da cultura local. Com um grupo de 43 alunos do 2.º e 3.º ciclos dos Agrupamentos de Escola Abade Baçal, Emídio Garcia e Miguel Torga foi realizada a oficina de "Teatro e Oralidade" que teve a sua apresentação pública no dia 9 de junho, no Teatro Municipal de Bragança.

Ponto de Encontro é uma proposta promovida pelo Plano Nacional das Artes e pelo Município de Loulé junto das Escolas do concelho de Loulé. Considerando que as instituições culturais são territórios educativos por excelência e que as instituições educativas são polos culturais privilegiados, procura-se proporcionar a oportunidade de desenvolverem ou de reforçarem a cooperação entre elas.
Assim, esta proposta tem vindo a promover, desde há dois anos, esta articulação. Desse encontro, vão surgindo iniciativas conjuntas tais como exposições, com a curadoria das Galerias Municipais, no AE de Almancil e em vários espaços do concelho; visitas de campo de várias turmas da EB 2,3 Eng.º Duarte Pacheco ao Geoparque Algarvensis e exposições/instalações artísticas daí decorrentes; encenação e apresentação de peças de teatro com os tradicionais “Bonecos Maios” por alunos da Escola EBI Prof. Aníbal Cavaco Silva com o apoio do Museu Municipal; apoio na organização de uma mostra de curtas-metragens “Curte a Curta” pelos alunos da Escola Secundária de Loulé e participação em várias iniciativas do Loulé Film Office; concursos, visitas de estudo e batidas fotográficas realizados pelos alunos da Escola Profissional Cândido Guerreiro de Alte com o apoio da Biblioteca Municipal; oficinas e residências artísticas e idas ao teatro dos alunos do AE D. Dinis de Quarteira com o apoio do Cineteatro Louletano.

O CEiiA (Centro de Engenharia e Desenvolvimento de Produto) desafiou o PNA a realizar, em parceria, um projeto com as comunidades educativas de Matosinhos, para participarem de forma ativa na descarbonização das cidades, mobilizando os jovens para comportamentos sustentáveis, de ativismo cívico, com as artes, a ciência e a tecnologia. A ação de sensibilização decorreu com alunos do 9.º ano que participaram, entre março e maio, na elaboração de “Manifestos Artísticos”, com o apoio de professores, da Câmara Municipal de Matosinhos e com a colaboração da Oficina Arara. Para este fim, o PNA, realizou uma formação (Manifesta-TE), em regime ACD, para docentes e contribuiu para a apresentação final dos “Manifestos”, que foram expostos no mobiliário urbano do Município, no sentido de sensibilizar e contribuir para a mudança.
Em Serpa, foi, também, realizada a formação docente (ACD) Manifesta-TE, para os Agrupamentos de Escola n.º 1 e n.º 2, tendo como finalidade dotar os professores de instrumentos para desenvolver com os alunos projetos sobre as questões do ambiente, com maior consciência individual e coletiva. A partir da construção de cartazes-manifestos e com o poder criativo das artes, desejamos aumentar o sentido crítico, para que cada um possa ser um agente de mudança, e possa ter uma participação ativa na tomada de decisões, face aos efeitos da atividade humana sobre o ambiente.

Açores // Madeira // Lisboa

No dia 14 de junho, realizou-se (online) o encontro: “Todos com cada um - Projetos Culturais de Escolas, Açores - Madeira”. Ao longo dos 4 anos de existência do Plano Nacional das Artes, várias escolas e outras forças vivas destes territórios têm colaborado na construção dos Projetos Culturais de Escola. O principal objetivo deste encontro foi partilhar e divulgar os projetos em curso destas geografias insulares e fortalecer a rede de comunicação entre todos. Dos cerca de 25 participantes, estiveram presentes coordenadores, artistas, tutelas, equipamentos culturais, representantes de autarquias, entre outros intervenientes.
 
O 2.º encontro da rede EPA (Educação pela Arquitetura) realizou-se na Casa da Arquitetura, em Matosinhos, no dia 16 de junho. A iniciativa (em formato ACD) foi transmitida em streaming pela equipa da DGEstE.  O 1.º painel “A Arquitetura como Ferramenta para a Educação” contou com a comunicação “Dar Corpo ao Manifesto”, do Plano Nacional das Artes. 

No dia 22 de junho, realizou-se em Lisboa, no Atelier-Museu Júlio Pomar, o encontro “Projeto Cultural de Escola e Equipamentos Culturais”. Esta parceria entre o PNA, o DESCOLA e o Departamento de Educação da Câmara de Lisboa contou com a participação de muitos agentes educativos, na sua maioria professores de vários níveis de ensino do município de Lisboa.  Do programa constou a apresentação do Plano Nacional das Artes, designadamente medidas como a Academia PNA e o Projeto Cultural de Escola, bem como vários Projetos de Continuidade com Escolas desenvolvidos pelos Equipamentos Culturais Municipais e pelo Museu de S. Roque.

“O sucesso escolar não é só bom desempenho académico, é também, mas é igualmente desenvolvimento pessoal, é desenvolvimento social, é desenvolvimento comunitário. Existem muitas formas de se ver o que é o sucesso escolar. Torna-se é mais fácil medir o sucesso académico.”
 
Amábile Bezinelli nasceu em 1997 e cresceu num município brasileiro do estado de São Paulo. Foi nas atividades extra-curriculares que descobriu um lugar de pertença, vínculo que não tinha conseguido criar em nenhuma das escolas por onde passou. Aos 7 anos já estudava música. Aos 12 encontrou e encontrou-se no teatro. Dois anos depois, já fazia teatro profissional. Foi, por isso, fácil escolher a área de estudo na Universidade. No entanto, precisamente devido à sua vivência desenraizada da escola, com a qual não se identificava, interessou-se pelo trabalho do teatro dentro da escola, pela convicção da capacidade de transformação que o teatro pode ter na vida dos alunos. Descreve-se como uma filha de projetos sociais e é neles que se sente plena. Foi a artista residente, pelo Programa Nacional de Promoção do Sucesso Escolar (PNPSE), no AE Bordalo Pinheiro, nas Caldas da Rainha, durante este ano letivo.

Leia na íntegra a entrevista.