A especialização excessiva, tal como a homogeneização curricular, podem ser perigosas. As disciplinas fragmentadas e fechadas em si não permitem a compreensão da complexidade do mundo. A proximidade e familiaridade com as artes e o processo criativo poderão incentivar dinâmicas transdisciplinares e o cruzamento e integração dos conhecimentos apreendidos nas várias disciplinas fragmentadas curricularmente, permitindo uma visão de conjunto. O poder indisciplinador das artes, inquietando, desarrumando e pondo em causa a ordem e certezas habituais, pode abrir um espaço de liberdade para a construção pessoal e coletiva: um lugar e um tempo de questionamento e abertura. O maior poder da criatividade, mais do que criar coisas, é mudar o nosso olhar sobre o mundo e sobre nós mesmos – e transformar a nossa vida e a de outros.  Desequilibra para reequilibrar.

A Caótica é uma companhia multidisciplinar, fundada pela encenadora/autora Caroline Bergeron e pelo músico/cineasta António-Pedro. Tem desenvolvido uma atividade constante com crianças, jovens e adultos, em colaboração com serviços educativos ou integrando projetos nacionais. É precisamente aqui que se cruza, de janeiro a julho deste ano, com o Plano Nacional das Artes, trazendo as suas Conversas Emergentes para a Bienal Cultura e Educação #1. As conversas emergem em formato de residências e laboratórios, reunindo programadores, artistas, coordenadores intermunicipais do PNA e parceiros municipais. Os encontros têm como principal objetivo tomar o pulso das programações e criações regionais das artes performativas destinadas ao público jovem.

Em maio, as mochilas continuam abertas, cheias de livros, bilhetes, lápis de cor e pautas musicais. No dia 18, no #Museu CCB, a partir da visita à exposição “Dos Pés à Cabeça”, pensada para a infância e com a curadoria de Cristina Gameiro, as mochilas de uma turma do 4.º ano do Centro de Educação e Desenvolvimento D. Nuno Álvares Pereira, da Casa Pia, em Lisboa, encheram-se de conversas em torno das obras expostas, cujo tema é a representação do corpo humano na arte, o que permitiu ir em busca dos interesses das crianças na exploração de questões relacionadas com o corpo.
No próximo dia 25, às 11h30 (10h30 nos Açores), em conjunto com o CCB/Garagem Sul, navegamos por Aveiro até ao cais da Escola Artística do Conservatório de Música Calouste Gulbenkian, uma das escolas “semente” em destaque na exposição Sala de Aula, um olhar adolescente, para homenagear a arquiteta Maria Noémia Coutinho, autora do projeto, em 1966. Para além da visita guiada por três jovens estudantes, a Mochila conta com uma conversa sobre a influência que o espaço tem na vida quotidiana da comunidade escolar. Estarão presentes Carlos Marques, diretor da Escola, Joaquim Moreno, arquiteto e curador, Maria Emília Brederode Santos, pedagoga e investigadora na área da educação, e Catarina Pereira, aluna da Escola. A moderação será feita por Maria Emanuel Albergaria do PNA.
 
As Mochilas são transmitidas em streaming através do canal Youtube da DGEstE e integram o Plano de Recuperação de Aprendizagens Escola+ 21/23.

Para comemorar o Dia Internacional dos Museus, o PNA juntou-se a várias iniciativas em todo o território nacional. Uma delas foi promovida pelo Museu Municipal de Arouca, pelo Núcleo de Etnografia e Folclore da Universidade do Porto (NEFUP) e pelo Agrupamento de Escolas de Arouca. O programa do dia 18 começou com o projeto Aldeias Vivas no Museu, uma visita guiada por alunos dos 5.º e 6.º anos, passou pelas Aldeias Vivas com Memória, um espetáculo com a participação dos projetos Botar Cantas na Escola, Idade Maior  e DESenvelheSER e terminou com uma conversa no Museu. Sara Brighenti, subcomissária do PNA, Carlos Gomes, coordenador do Projeto Cultural de Escola do AE de Arouca, Filipa Estevão Pereira, produtora e programadora do Festival TRADIDANÇAS, e Ana Cristina Martins, coordenadora do projeto Botar Cantas na Escola, do Museu Municipal de Arouca falaram sobre “Território, Artes, Educação – Uma relação recíproca?”, com moderação de Luís Monteiro, coordenador intermunicipal do PNA.

Nos dias 26 e 27 de abril, foram assinados dois protocolos de colaboração, entre o Plano Nacional das Artes e os Municípios de Ponte de Sor e de Campo Maior, no Alto Alentejo, que visam o desenvolvimento da relação entre educação e património local. O comissário do PNA, Paulo Pires do Vale, e os presidentes da câmara, Hugo Hilário e Luís Rosinha, respetivamente, celebraram um acordo que prevê o desenvolvimento de um conjunto de ações a implementar no âmbito da educação e da cultura, tais como, as garantias do financiamento das autarquias a artistas locais para trabalharem com as escolas, o envolvimento de associações locais na realização dos projetos e a apresentação pública dos trabalhos à comunidade.
 

A conferência Educação e Património, que é também uma formação gratuita e acreditada, faz parte da programação da Bienal Cultura e Educação #1. É organizada pela Direção-Geral do Património Cultural e pelo Museu Nacional dos Coches, em parceria com o PNA e a Arte Central. Assim, nos dias 26 e 27 de maio, num evento que se pretende reflexivo, colaborativo e construtivo, serão repensadas dinâmicas culturais e educativas, através de partilhas e do convívio com as artes e os patrimónios. Serão também apresentados, pelos seus coordenadores, os projetos culturais de escola do AE a Sudoeste de Odivelas, A Escola: uma comunidade de cultura, e do AE Marquesa de Alorna, de Lisboa, Em Movimento. Todos os Sentidos em Movimento.
Confira o programa e inscreva-se em https://confeducpatrimonio.artecentral.pt

Nos dias 8 e 9 de maio, as Nações Unidas marcam o Tempo de Recordação e Reconciliação pelos que perderam a Vida durante a Segunda Guerra Mundial, numa homenagem às vítimas do conflito, a EB de Santa Catarina, do AE Bordalo Pinheiro, numa atividade incluída no seu projeto cultural de escola, abraçou a ideia, e entre os dias 7 e 15 de maio apresentou trabalhos realizados por alunos dos 2.º e 3.º ciclos, num ato de reflexão, consciencialização e valorização dos Direitos Humanos. Sempre numa perspetiva transformadora de mentalidades, estes trabalhos contribuíram para a formação dos mais jovens enquanto cidadãos dignos, críticos e interventivos, capazes de agir conscientemente contra o silêncio e contra a indiferença, mantendo o respeito pela humanidade. Os trabalhos resultaram do trabalho conjunto entre as disciplinas de História, Educação Visual, Educação Tecnológica e Cidadania e Desenvolvimento em articulação com a biblioteca escolar e a artista residente Amábile Bezinelli.

Maria do Rosário Figueiredo nasceu a 2 de setembro de 1957, na Figueira da Foz, num tempo que era o das férias dos pais. Cresceu em Lisboa, mas quis orgulhosamente dizer-nos que é um “produto” dos Olivais Norte, tal como o vizinho Zé Pedro, dos Xutos e Pontapés. Não foi professora toda a vida. Foi globetrotter durante 5 anos. Dos 26 aos 31 anos viveu um pouco por todo o lado – na Austrália, em Londres, na Dinamarca - e teve trabalhos diferentes. Trabalhava seis meses para poder viajar pelo mundo nos outros seis. Estudou História na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e é a coordenadora do projeto cultural de escola (PCE) do AE de Mira. Diz-nos que os alunos de hoje em dia são mais informados, mais combativos e mais críticos. Mas diz-nos também muitas outras coisas.

Leia na íntegra a entrevista.